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Quem somos nós.

Meros mortais, um grupo de 8 pessoas que n se conhecem; ou se conhecem; não sei!
Que decidimos em conjunto; ou não a escrever sobre pecados.

No final de cada ciclo, sorteamos o proximo pecado que cada um defenderá, a idéia é cada autor escrever sobre cada pecado, e assim, finalizando um total de 64 posts, 8 visões sobre 8 vícios.

Sejam bem vindos!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Luxúria. Um nome, de incontáveis pecados…




























Mãos que deslizam, pele suada, abraço arretado, beijos eternos. Saliva, línguas, pernas entrelaçadas, costas nuas, pescoço marcado, mordidas de leve, toques ariscos, pés que se encontram. De quatro, de costas, de lado, como Deus manda e como o Diabo gosta. Animal, sensual, tântrico, virtual. No olhar, e ás vezes no telefone. Mas sobretudo, na imaginação. Desejo, tesão, orgasmo, êxtase, glória. Abraço tranquilo, exaustão, carinho. E no entanto, a luxúria não se restringe ao sexo. Ela vive nos lençóis de seda, no colchão profundo, no suéter macio. Escorre no chuveiro, acariciando a pele nua com volúpia; acarinhando os cabelos cheios de espuma, percorrendo caminhos indecentes com o sabonete. A luxúria adora se enredar nos cabelos: soltos ao vento, desgrenhados na cama, molhados da chuva. Ah, banho de chuva… transgressão de criança que alimenta a luxúria da alma. Luxúria é o pecado de ser livre, de apreciar cada momento com toda a força da alma, de desfrutar a vida em plenitude, de saber que cada segundo é único. De não ter vergonha de ser feliz, nem de ser de verdade. A luxúria é o pecado de viver o hoje, o agora, sem desperdiçar tempo. A luxúria é o pecado mais autêntico de todos. É o maior pecado dos vampiros que os fazem tão vaidosos e sedutores.
Dos sete pecados capitais é o mais visado pela Igreja e o mais tolerado pela sociedade. Arrisco-me a dizer que, sem ele não haveria arte: literatura, escultura, música, pintura, todos movidos a paixão, lascívia, sensualidade.


Santo Agostinho estava certo: “O pecado é excesso do Bom.” O dicionário diz que a Luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. A Igreja diz que a Luxúria é um dos sete pecados capitais e consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. E eu digo que a Luxúria é muito bom!
Mas não estou falando da luxúria gulosa. Li uma vez que a Gula é o prazer primário, do 2º centro de força, que é a compulsão, avidez pelo prazer que a troca com o outro traz. (Seja da comida, do sexo, do afeto, do álcool ou das drogas). O pecado da Gula é a busca desmedida que o prazer nos leva, sem levar em conta a qualidade. Os gulosos desejam mais e mais até se empanturrarem. A quantidade é que conta, não a qualidade. Não toleram a falta e não há individualização para escolhas elaboradas. Favorece a escolha da mesma, tipo sociedade de massa. Uma boa imagem da Gula são as orgias romanas ou os inúmeros modelos de diversão oferecidos pela sociedade americana. São eles os legítimos representantes dos “rodízios ávidos de prazeres primários”. Assim, quase todos os exemplos de luxúria que são citados não passam de grosseiros pecados da Gula.


O sofisticado pecado da Luxúria é uma orgia do sentir com grande refinamento sensual. Necessita de tempo, qualidade, magia dos sentidos, liberdade de criação e abundância que é a condição de quem não tem medo da falta. Condição que o estressado homem atual está longe de possuir. Como ser um libertino, ou seja, como usar desmedidamente sua liberdade, se não sente condições de dispor de sua pessoa de forma livre e espontânea?
A luxúria começa na imaginação de cada um, é uma forma de interagir e vivenciar as próprias fantasias e também de explorar a imaginação alheia. Sedução, provocação, dor, sadomasoquismo, exibicionismo são apenas alguns poucos exemplos do que pode ser luxúria.
Ninon de Lanclos, a bela cortesã francesa dizia que “A beleza sem sensualidade é um anzol sem isca”;concordo e assino embaixo. Asmodeu, o demônio da luxuria está muito contente conosco, os brasileiros; considerados o povo mais sensual do planeta, ele terá muitos clientes. hahahaha...
Pela primeira vez na história desenvolvemos ferramentas para produzir sonhos materializados em escala industrial que são devidamente expostos em vitrines. Sonhos-objetos que são desejados por milhares e possuídos por poucos, muito poucos… Vivenciamos uma época onde o valor é atribuído ao preço que estamos dispostos a pagar, por possuir algo único e desejável, dessa forma o preço é definido pela sensação de satisfação que o sonho-objeto propicia a quem pode pagar por ele.


Sentir prazer está na moda. Cultuamos o prazer a tal ponto que em função dele, somos convencidos a procurá-lo a todo custo. Somos motivados a vivenciar situações, conhecer pessoas… experimentar novidades… O prazer, ou melhor, o Princípio do Prazer é alçado como um “Ideal de Vida” para gerações inteira: em função dele devemos viver e até – por que não – nos perder: “O que importa é o hoje, o agora”… “Aproveite o momento, carpe diem”, “Viva intensamente”… Somos induzidos a associar prazer com felicidade e sucesso. Quando não nos sentimentos saciados, quando não encontramos este prazer, adoecemos. Deparamo-nos com uma valorização desmedida da auto-satisfação. Comportamentos e vontades são regidos por ela com maestria, sem nos preocuparmos com as consequências. Na luxúria encontramos este princípio do prazer representado da melhor forma possível. A luxúria simboliza este mundo de sensações materiais, carnais, onde a lei da oferta e procura rege todas as relações humanas. Onde a saciação do desejo é o objetivo final de toda a existência. A luxúria é portanto o pecado capital mais cultuado e descaradamente celebrado do momento. Comumente associamos luxúria ao sexo e não é por menos: o sexo e o êxtase intenso no momento do gozo elicia no organismo uma sensação física de satisfação poderosa. O gozo é a prova física que é possível sentir-se satisfeito. A excitação sexual abrange insondáveis níveis de prazeres. Somos seduzidos pelo poder do toque, nos rendemos à umidificação dos pequenos e grandes lábios. entregamo-nos à excitação física e psicológica dos beijos e carícias. Até sentir todos os tons da explosão magnífica do prazer corporal. O único problema é que a sensação dura pouquíssimo tempo… Acabamos por ficar tão viciados na sensação de bem-estar dos segundos de explosão sexual que criamos a todo custo paliativos que se propõe a imitar e satisfazer só um pouquinho aquele desejo... Buscando o alívio de tantas tensões físicas, emocionais, espirituais…


Um dos paliativos ao sexo é a busca pelo status quo: vivemos relações superficiais, de trocas e favores, onde os sentimentos são negligenciados e o que se importa é o quanto se pode ganhar e aonde se pode chegar.
Usamos e somos usados como ferramentas para atingir o que se deseja, sendo devidamente descartados quando não se possui mais serventia. Estamos cometendo o pecado da luxúria quando não medimos a consequência das nossas ações, desvalorizando o outro e o seu bem-estar. Inicia-se assim a busca do conhecimento advindo do desejo por desejar.


A luxúria nutrida pela vaidade e a gula, leva-nos a vivenciar situações de cegueira e narcisismo emocional. Não nos interessamos em conhecer a pessoa, somos levados a experimentar as sensações que elas produzem em nós. Descartando-as assim que o desejo é saciado. Por representar a busca do desejo, pelo desejo… ao exercer a luxúria vamos usando e descartando as pessoas, ao nosso bel-prazer. Através da sedução, do mistério e do bem-estar, rapidamente vamos atingindo degrau a degrau o status que avidamente desejamos. Quando atingimos este nível de cegueira emocional encontramo-nos dominados pelo narcisismo exacerbado: ostentamos o poder que possuímos, sem vergonha nem pudor. Esse poder seduz os desavisados que habitam a periferia da nossa vaidade, mal suspeitando que serão as próximas vítimas da nossa sede de desejo material ou sexual...
Pela busca infindável da satisfação dos desejos somos consumidos pela Ira de não saciarmo-nos por completo. Caminhamos deste modo em direção a um infernal abismo de ilusões não satisfeitas. E de situações que criamos sem querer. pela sede de conhecer o que existe além do que se sente…